"> Disputa na Câmara – CanalMT

Disputa na Câmara

Na quarta-feira (13), os deputados federais escolheram o novo presidente da Casa, em substituição à presidência interina do Valdir Maranhão, que foi guindado ao posto com a renúncia de Eduardo Cunha.

Uma sessão, cujo início foi mudado por três vezes, e que se arrastou até a madrugada seguinte.

A decisão foi levada para o segundo turno, com a disputa entre Rogério Rosso e Rodrigo Maia. Este se sagrou vitorioso, e tem como incumbência terminar o atual mandato.

Trata-se, portanto, de um mandato-tampão, sem o direito de sair-se para a reeleição em fevereiro do ano que vem. Pelo menos por ora, uma vez que o regimento interno não o permite.

O plenário esteve bastante movimentado. Foram, ao todo, dezessete candidatos, e destes quatro desistiram, permanecendo treze.

Número expressivo. Ainda mais para um mandato-tampão.

Aliás, superior à disputa de 2007, com a renúncia de Severino Cavalcante (PP/PI), que contou com dez concorrentes, e, na oportunidade, foi eleito Aldo Rabelo (PCdoB/SP).

Esse aumento de candidaturas se deve a alguns fatores: (1) a grande quantidade de partidos com representação na Casa (28 siglas), os quais podem indicar candidatos, diferentemente do período de 1979 a 1991, quando as candidaturas se prendiam tão-somente ao maior partido; (2) crise política, que não chegou ao seu final com o afastamento da presidente Dilma Rousseff; (3) fragmentação política bastante clara, a ponto do PMDB ter dois candidatos (Marcelo Castro e Fábio Ramalho) e o chamado Centrão também com vários nomes; (4) ausência de forças com capacidade de aglutinarem apoios na Casa; (5) fragilidade do governo interino, mostrando-se incompetente, embora tenha tentado controlar o processo eleitoral na Câmara Federal.

O presidente interino Michel Temer não foi capaz de impedir, inclusive, que o seu próprio partido lançasse dois candidatos.

Um deles, Marcelo Castro, tido como opositor ao seu governo, pois fora ministro da saúde do governo Dilma e votou contra o impeachment.

E, aliás, por conta disso, que ele, Marcelo Castro, obteve o apoio de parte do PT, PCdoB e PDT, possibilitando-lhe conquistar 70 votos, o que lhe rendeu o terceiro lugar, na votação do primeiro turno.

Por outro lado, não se deve perder de vista três grupos de interesses que gravitaram em torno da disputa pela presidência da Casa.

Um deles, capitaneado pelo PT, defendia a eleição de alguém de fora do grupo de Eduardo Cunha, até para que viesse a apressar o processo de cassação do mandato do ainda deputado.

Outro interesse visualizava beneficiar o próprio deputado Cunha, empurrando para frente à votação em plenário do seu processo.

O terceiro se refere aos interesses do governo, que procurou trabalhar para que o eleito fosse um nome da base governista.

Entende-se, então, por que o Palácio do Planalto saiu contra o Marcelo Castro e torceu para que no segundo pudessem estar o Rodrigo Maia (DEM/RJ) e o Rogério Rosso (PSD/DF). E foi isto que aconteceu.

Com a sua eleição, Rodrigo Maia tem duas grandes tarefas, a saber: (1ª.) viabilizar a votação de projetos importantes do Governo, entre os quais o que limita os gastos públicos, e (2ª) agregar as forças dentro da Casa. Tarefas nada fáceis.

É isto.

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e analista político em Cuiabá.

lou.alves@uol.com.br


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