"> Drogas e assassinatos – CanalMT

Drogas e assassinatos

Em 190 dias deste ano, se teve 200 assassinatos em Cuiabá e Várzea Grande.

No ano passado, no mesmo período, foram 223. Houve uma queda, mas o número é ainda alto. Pode-se chegar ao fim do ano com uns 400 assassinatos nas duas cidades.

Volta-se a um paralelo de antes. Cuiabá e Várzea Grande, juntas, têm perto de 850 mil habitantes. As cidades de Franca e Ribeirão Preto, juntas, têm um pouco mais de 900 mil habitantes. Lá, no ano passado, houve 66 assassinatos.

Tem sido a média nos últimos anos. É abissal a diferença entre dois lugares com quase a mesma população.

Quais os motivos para essa diferença? A escolaridade e desemprego em Cuiabá e Várzea Grande estão na média nacional. A maioria da população ganha, como no resto do Brasil, até três salários mínimos.

O IDH de Cuiabá é o primeiro do Estado, o de Várzea Grande, o décimo-quinto. Cuiabá está na média nacional, o outro lado da ponte um pouco abaixo da média.

Desemprego, escolaridade, IDH e distribuição de renda não explicariam um número tão alto de homicídios nas duas cidades de MT.

Atribui-se isso à droga, mal que estaria na base desse número espantoso de homicídios. E a coluna volta à lengalenga de sempre.

Temos 900 km de fronteiras com a Bolívia, país que produz cocaína em grandes quantidades. Por mais esforçado que seja o trabalho do Gefron na fronteira não dá para competir com o que tem os traficantes.

Outro dia, foram apreendidos no MS, 70 caminhões adaptados para transportarem toneladas de cocaína por mês do país vizinho.

Aviões e outros meios sofisticados são usados para transportar o entorpecente. Se não combater esse mal os homicídios continuarão num patamar de Honduras ou Colômbia.

Há algo diferente em Brasília. É a nova postura do Ministério das Relações Exteriores falando em enfrentar os problemas de contrabando e tráfico de drogas em nossas fronteiras de maneira mais firme.

Vai haver um encontro dos países do Cone Sul nesses dias para debaterem o contrabando. A proposta do Brasil seria ajudar vizinhos, principalmente o Paraguai, em homens, informações e equipamentos.

O mesmo, acredita-se, será o caminho para tratar com a questão da droga vinda da Bolívia.

Um acordo com o governo boliviano para um trabalho conjunto lá dentro, com ajuda em homens, equipamentos e informações, é a alternativa. Antes, isso era feito com o apoio dos EUA até Evo Morales romper aquele acordo.

Agora, se a Bolívia não quiser coopera,r o Brasil pode forçar a situação em outros acordos, principalmente na compra do gás. O acordo vence em 2019. A negociação poderia incluir no momento só o assunto da cocaína.

Nesse momento, o ideal seria um trabalho conjunto entre as Assembleias Legislativas, bancadas federais e governos de MT e MS para, junto com o Ministério das Relações Exteriores, criarem algo novo no relacionamento com a Bolívia. Os assassinatos diminuiriam em Cuiabá e entorno.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.

pox@terra.com.br

www.alfredomenezes.com


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