"> A contradição – CanalMT

A contradição

A crise econômica brasileira se agravou com as questões internacionais, mas foi provocada tão somente por erros das gestões internas. E ela impõe uma série de dificuldades ao país e o seu povo.

O que urge a necessidade de vencê-la. Tarefa que não se dá da noite para o dia. Ninguém é tão ingênuo o bastante para acreditar em mágica capaz de desaparecer com a crise que transformou o país e a população em refém.

Equivocaram-se os que defendiam de que a simples mudança de quem se encontrava no comando seria o suficiente. Não é. Jamais foi, e nunca será. É preciso muito mais para se estancar-lhe a sangria, que já se estende por todos os setores sociais.

Quem duvidava disso, agora se vê obrigado a rever seu ponto de vista, com o governo interino Michel Temer escorregando na mesma casca de banana de sua antecessora.

Este governo acertou na montagem da equipe econômica. Uma equipe infinitamente melhor que a da presidente Dilma Rousseff, e, tudo indica, parece talhada para enfrentar a crise vivida pelo país e pelos brasileiros. Tanto que os mercados, externo e interno, reagiram e reagem bem a sua composição.

O dólar está em queda e produtos na bolsa de valores voltaram a ter índices convidativos. Isto, contudo, está longe de brecar a inflação e impedir que a máquina de alterar preços entre em ação nos supermercados. O feijão, aliás, assumiu o lugar de vilão que, certa vez, foi o do tomate.

O presidente interino, portanto, acertou no varejo, mas infelizmente erra no atacado.

Além disso, o seu governo é todo marcado pela contradição, pela dubiedade. Seu discurso contrapõe-se de todo com as suas ações. Ele fala em equilibrar as contas públicas (daí a importância de sua equipe econômica), com a pretensão de cortar gastos.

Outro dia, inclusive, defendeu e movimentou o Congresso Nacional e parte da população com um projeto que impõe limites aos gastos públicos. A ideia é valiosa, necessária e interessante.

Mas patrocinou um pacote de bondades. Pacote que está sendo distribuído aos Estados, ao Judiciário e ao Ministério Público da União. Bondades que deixa em xeque-mate as realidades brasileiras.

Parece até que não se vive em meio a uma crise gigantesca. Vai ver não se vive mesmo. Não para alguns privilegiados da República, que sempre tem suas regalias mantidas e ampliadas.

Por outro lado, o governo resolveu aumentar em 12,5% o benefício concedido pelo Bolsa Família. Índice superior aos 9% anunciados em maio pela presidente Dilma Rousseff. Este aumento, somado a outros gastos, dificulta o equilibrar das contas.

O presidente interino adotou o tal aumento com o único objetivo: tentar barrar as fortes críticas – vindas do setor social – ao seu governo.

O governo, com parte do seu pacote de bondades, procura ‘comprar’ o apoio popular, e, ao mesmo tempo, suprir a lacuna aberta pela sua falta de traquejo em conversar com a população.

É isto.

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e analista político em Cuiabá.

lou.alves@uol.com.br


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