"> Greves e ocupações – CanalMT

Greves e ocupações

A cultura da greve é uma herança do PT. Não que os movimentos de paralisação do trabalho tenham sido inventados por ele, já em 1917 tivemos uma greve aqui no Brasil, só que, diferente das atuais, sem  viés político.

Mas, na década de 1970, o então nascente Partido dos Trabalhadores encabeçou uma paralisação nas montadoras de carros em São Paulo, cujo sucesso o projetou politicamente para todo o Brasil.

Foi uma grande conquista que ajudou o país a combater a ditadura. Entretanto, boas armas usadas sem critérios tornam-se ineficientes.

Raramente utilizadas no ambiente privado, as greves aninharam-se no setor público, principalmente no segmento da Educação.

Tanto que a população acostumou-se com essa recorrência, a ponto de ninguém mais se importar com as constantes e danosas paralisações.

Entretanto, se essa tática, que dura mais de trinta anos, não deu resultado prático até hoje, mesmo sendo usada intensamente, parece que passou da hora de rever a estratégia.

A menos que as reivindicações sejam  somente para” inglês ver”. Ou dito de outra forma, o que interessa mesmo é a exposição  midiática dos sindicatos e seus líderes.

O funcionalismo público é a elite do trabalhador brasileiro. Além de mais preparado intelectualmente, foi selecionado entre milhares de concorrentes, em disputados concursos públicos.

Infelizmente, essa diferença de escolaridade, por razões que não serão discutidas aqui, não resultou em melhoria de qualidade do serviço público.

Na Educação, por exemplo, nota-se  que nas escolas públicas de segundo grau, geridas pelos estados,  a qualidade do ensino foi pouco a pouco perdendo posições  e já está suplantada pelas particulares.

As universidades federais e estaduais, antes reconhecidas como as melhores da nação,  hoje têm sérios e eficientes concorrentes.

Parece que, atualmente, a preferência por elas (públicas) se dá muito mais pela questionável gratuidade que pela qualidade do ensino.

A greve, na verdade, é uma disputa lícita, às vezes necessária. O objetivo dos trabalhadores quando paralisam uma fábrica é causar prejuízo financeiro ao industrial, forçando-o a negociar melhorias.

Por esse raciocínio, a greve no setor de Educação é inócua, pois o patrão, no caso o Governo, está tão calejado de sua recorrência, que nem lhe dá atenção.

Tanto que elas duram meses, sem nenhum acordo. Mirando o Governo, os grevistas atingem os alunos, vítimas indefesas dessa briga política.

Não bastassem as greve  dos professores, os sindicatos estão testando nova  atuação. Estimulam a ocupação das escolas por parte dos alunos para contestar medidas de Governo.

Mais uma vez, por interesse político, privam as aulas a maioria de estudantes, que só quer aprender.

Há alguns dias, neste mesmo espaço, citando notícias de jornais, escrevi que havia denúncias de consumo de  álcool e drogas por adolescentes nas ocupações.

Alguns leitores mandaram diversos comentários irados e alguns grosseiros. Uma semana depois, o Ministério Público abriu processo para investigar o caso.

Também  a polícia conduziu à delegacia diversos adolescentes que estavam usando drogas e fazendo sexo, em uma escola ocupada da capital.

Parece que o resultado conseguido com a politização da classe não foi bom: os alunos aprendem cada vez menos, estão mais indisciplinados e os professores, antes respeitados nas escolas e admirados na sociedade, perdem status a cada dia.

Não seria o caso de os professores se afastarem do PT, que só quer fazer política partidária e dedicarem-se mais ao ensino?

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Cuiabá.

renato@hotelgranodara.com.br  


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