Dirigentes chavistas avaliam solicitar ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), nas mãos de aliados do governo de Nicolás Maduro, a dissolução da Assembleia Nacional (AN), que atualmente é controlada pela oposição. Eles pretendem exigir ainda a convocação de novas eleições imediatamente, em mais um desdobramento da grave crise política que assola a Venezuela.
Segundo Didalco Bolívar, porta-voz da aliança Grande Polo Patriótico (GPP), que reúne partidos apoiadores do chavismo, houve usurpação de poder e abuso de autoridade em questões relacionadas à política externa do país, além de traição à pátria e violação da Constituição. Os manifestantes chavistas que pedem pela permanência do presidente já estão usando grito de guerra “Cair, cair, a Assembleia vai cair!”.
Ao anunciar a proposta, Bolívar indicou que “a abolição do parlamento está prevista na Constituição” e que os desdobramentos devem ocorrer na próxima semana, depois que a aliança se reunir e decidir se de fato irá entrar com o pedido. Ele também acusou os opositores de falsificar assinaturas no pedido do referendo revogatório do mandato de Maduro.
Críticas internas – Um influente líder do governo venezuelano, Tarek William Saab, criticou a proposta de dissolução do Parlamento. “Na Venezuela existem posturas que, quando analisadas, podem ser, sim, extremistas ou radicais”, disse o chavista. “Vozes isoladas (…) que estão pedindo a abolição das autoridades públicas não terão nenhum tipo de apoio nacional, porque são pessoas que devem assumir sua própria voz”, afirmou Saab.
A Venezuela está concentrada em uma luta de poderes desde que a coligação opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) – que acusa o TSJ de servir ao governo – assumiu o controle do Parlamento em janeiro passado, pela primeira vez em 17 anos de governo chavista.