"> Ética, quem tem? – CanalMT

Ética, quem tem?

De fato, todos vão concordar que o amor pelo dinheiro e pela vida fácil acompanha a humanidade há mais de dois mil anos.

A corrupção sempre foi uma prática comum, um hábito formador de uma cultura de transgressões, que vai desde a compra de um CD pirata ou um atestado médico falso até o desvio de milhões na compra de remédios, na construção de escolas, na venda de sentenças e muitos outros escândalos estampados diariamente em letras garrafais nos principais jornais e sites pelo mundo.

Se você já parou na vaga reservada para uma pessoa portadora de necessidades especiais, saiba que sob o ponto de vista da ética você é tão criminoso quanto um presidente da República ou um ex governador que recebeu propina em contratos durante sua gestão.

O problema é o sistema que está podre e precisa mudar.

De um lado, o povo pobre que paga por tudo, educação, saúde, segurança e não tem absolutamente nada ou, pelo menos, nada com qualidade.

Do outro, os poderosos poderes ricos e suas autoridades engravatadas, que dizem trabalhar para o bem do povo e para o povo.

No entanto, experimente em tempo de crise e contensão de gastos, apenas sugerir a diminuição de repasses ou corte dos supersalários ou excesso de mordomias dos poderes para você ver o que é que acontece. Simplesmente nada.

Nestes casos, na maioria das vezes, os poderes são surdos, cegos e mudos para a situação de 60 milhões de brasileiros endividados e 11 milhões de pessoas desempregadas.

Parece que a ética nos poderes têm uma máxima intocável pois quem está no esquema e se beneficia dele não quer sair e não vai mexer uma “palha” se quer para mudar as regras do jogo.

Não faltam mais regras nem o conhecimento delas para que a benevolência possa coexistir entre o povo e os poderes.

O que falta é o resgate de valores e princípios que demandam muito mais humanidade, educação e inteligência do que regras capengas que valem e pesam para um lado só.

Infelizmente, neste cabo de guerra em que o interesse de cada um é mais importante do que o interesse da maioria a ética, é sempre coadjuvante e tratada como um lobo mau.

Mas quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau …

HAROLDO DE ARRUDA JÚNIOR é filósofo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).


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