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MT e o mercado andino

Quando perguntam qual a diferença entre a atual tentativa de integração de MT com os países andinos, com outras tentativas do passado, dou ênfase à ZPE em Cáceres.

Os trabalhos nela devem começar este ano. Já existem indústrias querendo ir para lá. Uma ZPE deve exportar 80% do que produz.

Não seria lógico levar bens industrializados dali aos portos de Santos ou Paranaguá para mandar para o exterior.

O bom senso aponta os países andinos como saída. Sem contar o Mercosul, que pode ser atingido pela Hidrovia Paraguai-Paraná.

A Comunidade Andina (mais Chile e Venezuela) tem mais de 140 milhões de pessoas, com PIB perto de um trilhão de dólares.

Se 30% dessa população se interessar por bens produzidos no estado se teria um mercado de mais de 40 milhões de consumidores, quase quinze vezes a população de MT.

Se pode contar ainda com benefícios tarifários entre membros do Mercosul e os da Comunidade Andina.

A prioridade número um agora é o asfaltamento do trecho entre San Matias e Santa Cruz de la Sierra. Chegando ali produtos da ZPE vão a qualquer país dos Andes por asfalto de boa qualidade.

O trabalho de MT no momento é de intermediação para se conseguir um empréstimo para o governo boliviano na Corporação Andina de Fomento, no BNDES ou no Banco Mundial.

Há uma disputa entre os interesses políticos e comerciais de Santa Cruz e os de La Paz. Tema sensível a resolver também com ajuda de MT com suporte do Governo em Brasília.

Para apimentar mais ainda o assunto, o governo de Santa Cruz já disse que entraria com 30% do gasto com o asfaltamento da rodovia. Um recado a La Paz: se for contra teria contra toda uma região.

O trabalho agora, insiste-se, seria iniciar a construção física da ZPE e a busca constante para se conseguir o dinheiro para o asfalto entre San Matias e Santa Cruz.

Não é impossível, o MS, em Corumbá, já está ligado por asfalto a Santa Cruz e o Acre ao Peru. Por que MT, que tem muito mais o que vender, não iria conseguir?
Outro item que ficou claro nessa viagem é que a exportação de grãos pelos portos do Pacifico ficaria para depois.

É difícil acreditar que possam passar milhares de carretas bitrens pelos Andes. Além disso, os portos dali não estão aparelhados para receberem a quantidade de toneladas de grãos para exportar.

E, para piorar, a maior parte dos portos está dentro de cidades. Como passar milhares de carretas por dentro delas?

A exportação de grãos por ali é assunto para se definir no futuro ou esperar a ferrovia dos chineses. Podem ser exportados produtos com valor agregado, transportados em carros mais apropriados.

Antes até se acreditava que seria possível usar portos dali para essa exportação. Olhando agora, por outros ângulos e viajando com um expert em estradas e portos, Luis Miguel da UFMT, deu para entender o tamanho da encrenca.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.

pox@terra.com.br

www.alfredomenezes.com


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