Têm-se muitos encontros de empresários para discutir o momento econômico. Falam em criatividade, resposta ao desafio, é na crise que se cresce ou não vou pagar o pato e acusam o governo Dilma de incompetente.
Mas, convenhamos, os empresários também têm culpa no que está ocorrendo. Pensam no ganho imediato, não se preocupam muito com o fortalecimento dos fundamentos da economia.
Vou tomar emprestados alguns dados levantados pelo colunista de economia, Celso Ming, que mostram que a classe empresarial ajudou a levar o Brasil para a situação incômoda do momento.
Os empresários aplaudiam a desoneração de IPI de bens industriais. Ação que deu um baque nas contas de mais de 100 bilhões de reais. Uma parte disso iria para as prefeituras, saúde e educação.
Os empresários forçaram o governo a derrubar os juros de forma artificial, sem levar em conta que romperia o teto da meta de inflação. Queriam ganhar dinheiro com o aumento do consumo.
Hoje se tem mais de 60 milhões de inadimplentes. Ganharam no curto prazo, perderam agora e estão reclamando.
Bateram duro que o dólar tinha que ser desvalorizado para ajudar na competitividade da indústria brasileira.
A falta de competitividade não é somente por causa do dólar, tem outros ingredientes e um deles é a educação ruim que os empresários nunca se preocuparam em pressionar para melhorar.
Os empresários aplaudiram a iniciativa do governo Lula em não aceitar integração econômica com os EUA. Queriam um mercado interno cativo. A integração os forçaria a competir e melhorar a qualidade dos produtos.
Apoiaram politicas de incentivos do BNDES para beneficiar grupos restritos de empresas, os tais campeões nacionais que, aliás, foi um rotundo fracasso.
Os empresários aprovaram o programa de conteúdo nacional para sondas e plataformas da Petrobras que ajudou a afundar a empresa.
Englobando tudo, acrescento, por que os empresários se calaram sobre o desastre anunciado que foi a Nova Matriz Econômica do governo Dilma?
Os empresários sempre criticam os agentes públicos e a classe política por corrupção.
A Lava-Jato mostrou agora que os empresários foram também corruptos. Como corruptores ganhavam bilhões em obras públicas feitas com qualidade duvidosa.
Por que os empresários, ao invés de verem o curto prazo de ganhos, não lutam junto ao governo ou no Congresso por uma política econômica sadia, de resultados positivos, constantes e de longo prazo?
Por que as federações patronais, incluindo as grandonas como Fiesp, CNA, CNI, não puxam a batalha para a melhora na educação para ajudar na tal competitividade?
Preferem, afirma o Ming, por ganhos imediatos e ficam contentes por receberem ‘um caramelo aqui, outro acolá’. Não querem pagar o pato, mas tem culpa no cartório, sim senhor.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.
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