"> O Brasil à beira do abismo – CanalMT

O Brasil à beira do abismo

Sem qualquer dúvida, a situação do Brasil nesta semana pode ser comparada a de uma criança indefesa que, sem discernimento está, sozinha, a beira da piscina e pretende entrar na água.

Acontece, porém, que as “crianças” envolvidas no debate/voto da aprovação ou não do impedimento da Presidente Dilma já são “crescidinhas” para se afogarem nas águas desse “dilúvio” que se anuncia para domingo, qualquer que seja o resultado.

O processo é legal, constitucional e está sendo acompanhado pelo STF, haja vista, as frequentes decisões que tem tomado; inclusive sobre o rito do processo de impeachment.

Portanto, esse mantra de “é golpe” não convence. Aliás, o PT lutou, desde a redemocratização, para o impedimento de todos os governantes: Itamar Franco, FHC, Sarney e Collor, com Lula na linha de frente da bateria. Agora, é golpe, antes, não era.

O processo de hoje é fruto da campanha eleitoral de 2014, quando a mentira, as falsas promessas, as agressões se sucederam a todo momento e, passada a eleição, a realidade brasileira, já anunciada no decorrer do pleito eleitoral transbordou o dique falso, com aumento de preços- gasolina, energia elétrica, e outros, todos negados ou reservados a oposição para a sua implementação; confisco de direitos sociais trabalhistas e previdenciários; desemprego em 10 milhões, inflação incontrolável, enfim, tudo ao contrário do que afirmava a candidata Dilma nos “reality shows” do marqueteiro João Santana, hoje na cadeia.

Ou seja, o paraíso prometido se transformou num “inferno de Dante” (não, o inesquecível político de Mato Grosso), mas o filósofo  italiano.

O próprio PT- com exceção do seu cacique maior-Lula, reconhece que é parte indispensável nessa tragédia nacional, como disse ontem (12/4) no plenário do Senado o líder do Partido – Sen. Humberto Costa; “Naturalmente que temos que reformar esse sistema, porque da forma como nós vivemos hoje, esse modelo está inteiramente esgotado…Nós não precisávamos ter chegado a isso, nós tínhamos ampla condição de, pelo diálogo político, não precisar viver a situação em que hoje estamos, lutando para termos 200 votos, disse Costa.

“Cometemos muitos erros, falhamos em manter esse diálogo permanente, erramos na relação com o Congresso Nacional, erramos na relação com nossa base social. independentemente do que venha a acontecer no próximo domingo, o PT precisa se reformar, se modificar, ter uma nova maneira de fazer politica”.

Discurso corajoso, porém, com poucas possibilidades de ser ouvido pelos militantes, caciques petistas e simpatizantes, que se sentem acima do bem e do mal.

As pedaladas fiscais são apenas uma face dessa manobra política de escamotear a realidade, forjando falsas estatísticas, programas vitoriosos, grandes realizações, que o digam o Pronatec, o Prouni, o Minha  Casa, Minha Vida etc., todos com manifestas dificuldades de se manterem de pé por falta de planejamento e orçamento; mas, que, na campanha eleitoral, forma bombardeados comio a realização do paraíso.

A convulsão social, aliás receio demonstrado até por ministros do STF, já está instalada; dificilmente, as previstas 200 mil pessoas que estarão em Brasília para acompanhar a votação, vão se conformar com o resultado, positivo ou negativo, do impedimento.

Daí, o risco de começar uma semana de passeatas, violências, quebra-quebra, vandalismos, saques, e outros pesadelos sociais, que se anunciam.

Esperamos que a realidade nos desminta; pois, apesar dos falsos discursos, dos palanques oficiais diários no próprio Palácio do Governo, nossas instituições- legislativo, judiciário e executivo, estão consolidadas, e não vão querer embarcar nessa canoa furada de volta ao passado ditatorial ou de caos político que hoje assistimos na Venezuela, por exemplo.

A lei, a constituição e a ordem pública e social, não vão ser atropeladas por insanidades e destemperos de líderes inconsequentes em seus discursos sem medir as consequências que suas palavras podem ter junto a uma maioria de população manipulável, sem referenciais políticos sólidos, como, infelizmente, se mostra a cada dia na mídia.

Aliás, por oportuno, já se disse sobre a nossa realidade política:”o Brasil só será uma grande potência no dia em que for uma grande democracia. E só será uma grande democracia no dia em que tiver partidos e um sistema partidário forte e estruturado”.(Maurice Duverger- sociólogo francês).

Creio que o recado é oportuno, principalmente para este governo cansado, incompetente, rodeado de corrupção por todos dos lados. O que vai acontecer? Uma pista, prezado/a leitor/a: a presidente Dilma Rousseff recebeu jornalistas em seu gabinete na manhã desta quarta-feira(13) para dizer que vai lutar “até o último minuto do segundo tempo” para preservar o seu mandato.Mas não disse se essa reação inclui também recorrer à Justiça.

Ela chamou de “golpistas” todos aqueles que defendem o  impeachment. “Não importa se é um pedreiro, engenheiro, professor ou empresário. É golpista”  ,frisou, repetindo a estratégia de se colocar como vítima de um processo no Congresso.(G1).

Na eventualidade de permanecer no cargo, o pacto que pretende propor deve envolver, afirmou, todos os setores da sociedade – governo,oposição, empresários e trabalhadores. “Sem vencidos nem vencedores”, disse.

Para ela, o pacto deve prever compromisso com reformas, entre as quais, a reforma política. O problema é que a sociedade e, principalmente, os políticos não confiam na palavra da Presidente.

Vários acordos costurados no Congresso por representantes do Governo e líderes governistas e da oposição para a aprovação de matérias de interesse oficial, foram desrespeitados no momento da sanção presidencial; daí, as centenas de vetos aguardando julgamento.

A oposição, por sua vez, também está em baixa na confiança popular, seja o PMDB ou PSDB e outros, por delações que apontam a postura pouco “republicana” de doações eleitorais para todos- situação e oposição.

Mas, apesar de todo esse cenário de filme de terror, ainda acreditamos que o Brasil passará no teste de sua maturidade democrática, apesar dos solavancos e terremotos políticos e socais que já estão acontecendo, abalando a economia e o nosso bolso, principalmente, e o que virá no “day after” da segunda-feira(18), mantendo a paz social e um mínimo de civilidade.

Uma frase final- (vício de gente velha)- para você pensar: “O substantivo – verdade – quando se encosta ao adjetivo – política, perde todo o seu brilho e toda a sua sonoridade: fica sendo como uma estrela amortalhada em névoas e como um tiro disparado no vácuo, não tem luz nem som.”  Olavo Bilac.

AUREMÁCIO CARVALHO é advogado e ex-ouvidor geral de Polícia de Mato Grosso.


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