Sempre ocorre um debate sobre a importância da pesquisa de intenção de votos. Há os que a desejam e saem em sua defesa, enquanto outros se posicionam contrários a ela, e até, entre estes, os que já advogaram a sua proibição parcial ou definitiva.
Por fim, a ela não é a melhor solução, nem o é também deixa-la sem qualquer avaliação e análise. Aliás, no último sábado (9/04), o Datafolha publicou mais uma de suas pesquisas para presidente da República.
Realizada muitíssimo longe do período da dita disputa. Talvez, por isso, ‘sem sentido de ter sido feita’ – diria alguém mais apressado. Quando, na verdade, pesquisa alguma é desnecessária. Pois, volta e meia, há um dado novo ou diferente, e que chama mais a atenção.
Nos números divulgados agora, salta aos olhos a liderança do Lula da Silva (21%), em quase empate técnico com a Marina Silva (19%), ao passo que o nome tucano aparece em terceiro lugar – seja o Aécio Neves (17%), ou o Serra (11%) ou o Alckmin (9%).
Comparando estes índices ao das pesquisas anteriores, em especial aos de março e de fevereiro, percebe-se que os representantes tucanos vêm caindo no quadro das intenções de voto. Diferentemente do petista, que cresceu de março para abril, e a representante do Rede mantém-se estável.
Portanto, nenhum nome da oposição se beneficia, ou demonstra saber conquistar dividendos eleitorais com o atual cenário.
Cenário construído em parte pelos resultados pífios da economia, com o descontrole da inflação e o crescente número de desempregados, pelas consequências da Operação Lava-Jato e pelo processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Quadro altamente desfavorável a qualquer representante governista. E esta situação piora ainda mais ao saber do grande índice de reprovação do governo Dilma (69%), somado ao dos brasileiros que se põem a favor da cassação do mandato da presidente (66%).
Mas, contraditoriamente, o ex-presidente petista continua com índice entre 20% a 22% de intenção de votos. O que significa que ele perdeu, e muito de seu capital político, bem como o de seu partido, porém ainda se mantém no páreo da dita disputa. Tudo em razão da inabilidade e incapacidade dos oposicionistas, especialmente dos tucanos.
Estes saíram das urnas de 2014, com o neto de Tancredo Neves, de posse de uma votação expressiva, e, então, tinham todas as condições de liderarem as agremiações de oposição, porém não é isto que se viu ou se vê.
Embora o cenário vivido tenha-se colocado como altamente favorável Pa oposição. Uma oposição, contudo, que não sabe ser oposição. Estranho!
E para completar, o Lula da Silva aparece como o mais rejeitado de todos os presidenciáveis. São 53% dos eleitores que não votariam nele de jeito nenhum; seguido do Aécio Neves, com 33%; e da Marina Silva, com 20%.
Diante dos números de intenção de votos para presidente da República, duas hipóteses saltam aos olhos, a saber: (1ª) a pesquisa ainda não identificou as consequências da Operação Lava-Jato e do desastre do Governo Dilma na algibeira do Lula da Silva; e (2ª) o eleitorado não associa essas consequências à corrida presidencial.
Hipóteses que se somam ao também desastroso desempenho das oposições.
É isso.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e analista político em Cuiabá.
lou.alves@uol.com.br