Em greve desde 07 de março, 80 dos 120 médicos da rede pública de Cuiabá podem ser exonerados por abandono de emprego. A greve, que completa um mês esta semana, foi considerado ilegal pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Ao anunciar a medida, nesta segunda-feira (04), o prefeito Mauro Mendes disse que a prefeitura já iniciou os procedimentos administrativos que devem culminar na exclusão dos médicos do quadro de servidores. “A greve é ilegal e por isso temos respaldo jurídico para exonerar por abandono de emprego”, frisou o prefeito. Além da demissão, a prefeitura já cortou o salário e os benefícios, como o prêmio saúde, dos grevistas e reafirma que não negocia com a categoria enquanto a paralisação não for suspensa.
O cunho político eleitoral da greve também foi citada por Mauro Mendes, que lembra que a presidente do Sindicato dos Médicos (Sindimed/MT) é filiada ao Partido dos Trabalhadores. “O sindicato é estadual, mas a presidente só faz greve em Cuiabá. Já perdemos a contra de quantas greves que ela já decretou na minha gestão”, disparou o prefeito.
Por não cumprir a determinação da Justiça, o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso paga multa diária de R$ 70 mil. Pelo período paralisados, a multa acumulada é de R$ 2 milhões.
Diante da medida extrema da prefeitura, a presidente do Sindicato dos Médicos, Eliana Siqueira, disse que as ameças não intimidam os profissionais. “Estamos entrando com mandado de segurança preventivo para que os médicos em greve não sejam demitidos. Ele não tem chance legal alguma de demitir ninguém em luta por condições dignas, ou melhor, mínimas de saúde em Cuiabá”, argumentou a dirigente sindical. Eliana Siqueira disse ainda, que o sindicato vai acionar a prefeitura na Justiça por ilegalidades, ameaças, assédio moral e improbidade administrativa.
Pauta – Os médicos em greve reivindicam pedem melhores condições de trabalho e a implantação do piso nacional de R$ 12,9 mil. O piso atual dos médicos concursados é de R$ 3,8 mil.
Whatsapp – O Canal MT denunciou, no último dia 06 de março, que a greve dos médicos das unidades públicas de saúde de Cuiabá foi definida por meio do aplicativo whatsapp. A presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, Eliana Siqueira, fez uma consulta sobre a greve em um grupo de médicos e em poucos tempo anunciou que a paralisação foi aprovada por unanimidade pela categoria. Na mensagem enviada pelo aplicativo, Eliane fala que a assembleia para discutir o indicativo de greve estava acontecendo no sindicato, mas não revela se existia quórum. Segundo informações, a sindicalista recorreu ao whatsapp para aprovar a paralisação sem discutir com profundidade o impacto que isso causaria a população cuiabana em função do esvaziamento da assembleia geral.
Uma hora depois de fazer a consulta a pouco menos de 20 médicos pelo aplicativo, a presidente do Sindimed anunciou que a greve foi aprovada por unanimidade. “A atenção básica e ambulatórios CEM, paralisarão 100%, UPA, policlínicas e pronto-socorro (PS) atenderão apenas urgência e emergência”, disse Eliana Siqueira.