Qual o custo da desonestidade de um Governo? Qual o prejuízo causado pela falta de lisura de seus governantes? Qual a responsabilidade do povo nisso tudo?
Em uma lista apreendida pela Polícia Federal, foram detectados repasses de uma empreiteira para mais de duzentos políticos de vinte quatro partidos políticos.
É o mais completo acervo do que pode ser a contabilidade paralela descoberta e revelada da Operação Lava Jato.
É a prova da ineficiência de um sistema político e econômico, falido em suas estruturas, que corroeu por anos todos os alicerces da democracia de um país.
A lista da Odebrecht, mostra um país que se desenvolveu com base em uma cultura de transgressões onde as atitudes das pessoas não vão além do seu próprio interesse.
Neste tipo de cultura não existe ética, existem vantagens. O interesse pessoal está sempre acima do interesse coletivo e das leis. Se de um lado o político recebe propina, do outro o povo vende o voto.
A transgressão que hoje prende o político ladrão é a mesma que continua matando o pobre na fila do SUS.
O prejuízo causado pela cultura da transgressão é histórico em nosso país e não é, e nunca foi responsabilidade somente, de seus governantes.
Boa parcela de culpa de sua disseminação está na falta de educação, civismo e cinismo do seu próprio povo.
Mas o que é comum aos governantes e ao povo? O que pode servir de vacina para esta doença que coloca todo um país em estado de crise moral? O que serve tanto pra um como para o outro são as leis.
Uma sociedade que respeita as suas leis, têm todas as condições de se desenvolver.
Povo e governantes, precisam entender o valor das leis, e de que forma elas podem transformar um país.
Para mudar esta cultura de transgressões, em uma cultura de educação as leis, é preciso que os governantes parem de mentir, que o fiscal pare de fingir que fiscaliza, que o professor pare de fingir que ensina e o aluno pare de fingir que estuda.
Enfim, precisamos parar de fingir que as leis existem e que podem ser cumpridas.
As regras democráticas devem ser cumpridas para que o veneno, do erro e do vício, possa ser extirpado do DNA de cada cidadão.
Esse é um momento histórico e uma oportunidade única para que possamos fazer uma análise comportamental e com ela abandonar toda essa cultura de transgressões as leis.
Lembre-se, que o cinismo de um povo alimenta o vício de seus governantes, na medida em que ambos comungam pelos mesmos princípios e interesses.
HAROLDO DE ARRUDA JÚNIOR é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).