"> O telefonema – CanalMT
Reprodução/Facebook

O telefonema

Vive-se em uma República prenhe de escândalos. Escândalos que acirram os ânimos e dividem o país, bem como a população entre os que são a favor e contra o governo petista (divisão boba e inconsequente).

Aliás, por telefone, a Senhora Dilma Rousseff coloca a presidência da República a serviço de uma causa particular, de menor relevância, e o ex-presidente Lula da Silva trata desrespeitosamente tanto o Congresso Nacional como o Supremo Tribunal Federal.

A presidente e o ex-presidente agridem a simbologia dos cargos e ignoram a importância dos poderes. Tudo isso, de acordo com o noticiário, com um único fim, obstruírem a Justiça.

Obstrução materializada pelo Termo de Posse, encaminhado antecipadamente pela própria presidente ao ex-presidente, para ser utilizado caso o Sr. Lula tivesse ‘necessidade‘.

Há quem tem interpretação diferente do episódio, e não considera o uso do termo ‘necessidade’ com o fim de evitar a prisão do petista, acreditando que o termo de posse encaminhado se prendia tão somente a impossibilidade do Sr. Lula da Silva não poder participar da festividade de posse na chefia da Casa Civil.

Esta interpretação deve ser respeitada, bem como considerada em quaisquer mesas de discussão, ainda que se tenha leitura contrária.

Leitura que se fortalece, mesmo diante da nota oficial, na qual o governo repudia a divulgação do áudio da conversa entre os dois petistas, sob a alegação de que a dita divulgação é uma ‘afronta aos direitos e garantias da presidência’.

Estabelece, aqui, uma inversão das coisas: quem comete o crime toma o lugar de vítima, e o responsável pela divulgação da ação criminosa passa a ser considerado criminoso. Embora se saiba que o juiz Sérgio Moro agiu politicamente e com a intenção de retaliação ao divulgar o conteúdo da conversa.

Grampo e divulgação questionados por um montão de pessoas – juristas ou não -, sob a argumentação de que os protagonistas tinham foro privilegiado.

Equivocam-se quem pensa dessa forma. Isto porque o telefone grampeado foi o do Sr. Lula da Silva, e este no instante da gravação ainda não possuía foro privilegiado.

Deu-se, aliás, bem antes da publicação da nomeação. Portanto, o ex-presidente não era ministro.

O pior de tudo é perceber que a nota do governo procura mudar o conteúdo da conversa entre os petistas. Isto em um esforço tamanho em transformar a mentira em verdade, fazer com que a versão governamental se prevaleça sobre o fato.

Fato que se associa a outro, protagonizado pela população nas ruas, mesmo irrompendo à noite. Parte da população, espalhada pelas principais cidades do país, se manifestava contra a indicação do senhor Lula da Silva para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.

Manifestação que se agigantou com a divulgação do áudio da conversa entre a presidente e o ex-presidente, agora ministro-chefe da Casa Civil.

Os congressistas, então, veem-se pressionados. Pressão que pode, ainda mais, apressar o processo de impeachment.

É aguardar para ver o desfecho, cujo cenário não para de produzir cenas não republicanas.

É isso.

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e analista político em Cuiabá.

lou.alves@uol.com.br 

 


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