A polícia turca usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar manifestantes que se juntaram à porta das instalações do “Zaman”, o maior jornal da Turquia, para protestar contra os ataques à liberdade de imprensa no país.
Procuradores do Ministério Público acusaram o jornal e as suas filiais de promover e ajudar uma “organização terrorista”. A administração do diário ficará doravante entregue a pessoas designadas pelo tribunal, em resposta a um pedido que terá sido feito por um procurador de justiça de Istambul, relatou a agência estatal Anadolu.
“Tem sido habitual nos últimos três, quatro anos, que quem fala contra as políticas do Governo tenha de enfrentar casos judiciais ou a prisão, ou passar a ser controlado pelo Governo”, disse Abdulhamit Bilici, editor executivo do “Zaman”. “É um período negro para o nosso país e para a nossa democracia”, lamentou.
O jornal tem, alegadamente, ligações a um movimento liderado pelo clérigo muçulmano Fethullah Gulen, opositor político do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan a residir nos EUA.
Erdogan acusa Gulen de conspiração contra o Governo e de ter sido capaz de criar uma rede de apoio na justiça, polícia e meios de Comunicação, o que o clérigo tem vindo a negar.
Este gesto do Governo que não foi, segundo a imprensa turca, inesperado, é mais uma prova dos constantes ataques e pressões à liberdade de imprensa na Turquia. Apesar da insistência de Erdogan em garantir que o país tem a imprensa mais livre em todo o mundo, a Turquia ocupa a 149ª posição na lista de 180 países elaborada pelos Repórteres sem Fronteiras.
São várias as ameaças à liberdade de informação na Turquia. A situação em que se encontram dois jornalistas turcos do jornal pró-oposição “Cumhuriyet”, que foram alvo de um processo judicial por alegadas ameaças à segurança do Estado, é disso exemplo. Enfrentam acusações de espionagem e terrorismo, que lhes podem valer uma condenação a prisão perpétua.
Fonte: Semanário Expresso