Os últimos resquícios da Guerra Fria na América Latina morrem entre os dias 21 e 23 de março deste ano. Dois fatos marcantes acontecem naqueles dias. Nos dias 21 e 22 do próximo mês, Barack Obama visita Cuba.
O último presidente norte americano que esteve em Cuba foi Calvin Coolidge em 1928. Cuba ainda vivia sob a Emenda Platt, aquela que os EUA colocaram na Constituição do país de que, se houvessem problemas sociais e políticos, os EUA estavam autorizados a invadirem a pequena ilha do Caribe.
Em janeiro de 1959, Fidel Castro tomou o poder e logo marcha para o lado dos soviéticos. Em 1962, os norte-americanos descobrem que a União Soviética estava colocando mísseis em Cuba voltados para os EUA.
Foi um alvoroço, momento que o mundo esteve mais perto de uma guerra nuclear entre as duas superpotências. Houve um acordo, os EUA se comprometiam a não invadirem Cuba, mas impuseram um duro bloqueio econômico ao país. Os soviéticos passaram a bancar os cubanos.
Agora veio a reaproximação e fatos começaram a acontecer. Uma fábrica de tratores dos EUA vai se instalar em Cuba e vender para a iniciativa privada. Avião comercial dos EUA fará voos regulares para Havana.
Acredita-se ainda que o bloqueio econômico seja suspenso e a prisão em Guantánamo fechada.E, para coroar o momento, Obama vai ao país naqueles dias de março. Morre ali um dos últimos símbolos da Guerra Fria.
Interessantemente, no dia 23 de março, também em Havana, a Farc ou Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia assina um acordo de paz com o governo colombiano.
É uma guerrilha que começou em 1964. Morreram mais de 220 mil pessoas no conflito e milhares de outras se deslocaram de seus lugares por causa da dura luta entre os lados nesses mais de 50 anos. Morre ali também outro símbolo da Guerra Fria.
Nos muitos pontos do acordo se prevê a participação dos antigos guerrilheiros na política e também afastamento ou apoio ao narcotráfico (uma das fontes de sustento da guerrilha).
Este ponto deveria preocupar o Brasil e me particular MT. Já está provado que os seguidos ataques aos que fabricam cocaína na Colômbia e Peru fez com que muitos fossem para a Bolívia.
O acordo com a Farc fará mais gente envolvida na produção de cocaína ir para o país vizinho.
Voltando à morte da Guerra Fria na América Latina. Acaba em março, portanto, o sonho de muitos de se ter na região um bastião socialista para servir de modelo para outros lugares do mundo.
O capitalismo deve ser o caminho. Talvez seja por isso que simbolicamente Barack Obama esteja indo a Cuba justamente naqueles dias.
E, para completar, vai à Argentina no dia 25 de março, lugar que pode ter começado o desmonte do populismo de esquerda na região.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.
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