"> Fake news e boi brasileiro – CanalMT

Fake news e boi brasileiro

“Juiz Sérgio Moro vai morar nos EUA”; “Lula será absolvido”;  “Temer vai renunciar”…

Boatos, falsos alarmes, falsas notícias, que percorrem diariamente as redes sociais. E que fariam a festa de muita gente, se fossem verdadeiros.

Essa estratégia que vem sendo usada por perfis falsos no Brasil e no mundo para influenciar a opinião pública nas redes sociais aproveita-se de uma característica do brasileiro: o “comportamento de manada”.

Ou seja, animais que se juntam para se proteger ou fugir de um predador.

Aplicado aos bois humanos – inclusive, eu -, refere-se à tendência das pessoas de seguirem um grande influenciador ou mesmo um determinado grupo, sem que a decisão passe, necessariamente, por uma reflexão ou crítica individual.

“Se está sendo divulgado”, é verdade. Para que pensar duas vezes, analisar a fonte, questionar?

Assim, no Brasil atual, o fenômeno americano do fake news se tornou uma verdade absoluta.

É o “boi brasileiro… boi na linha”, que faz a fortuna de muito especulador financeiro quando o assunto é a Bolsa de Valores: “o dólar subiu…. aumentaram os juros americanos”

São aquelas crianças crescidas, que acreditam no Papai Noel… Um exemplo clássico e atual: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, costuma atacar veículos de comunicação, como a emissora CNN, com a expressão “fake news”, sempre que elas publicam informações desfavoráveis a ele.

Aliás, não é só ele. No Brasil, também, os poderosos – com terror da Lava Jato – usam do mesmo discurso.

As redes sociais que divulgam essas “pérolas” – Facebook, Twitter e outras –  ganham dinheiro com isso. Não podem se isentar dizendo que são meras plataformas porque têm o algoritmo dizendo o que você vai ver e o que não vai ver na sua “timeline”…

Sabia disso, leitor? As redes sociais são uma oportunidade, uma janela mundial de comunicação e expressão, apesar dos aspetos negativos em seu uso. Nelas, nós estamos instantaneamente ligados do Japão ao Brasil, ao mundo- cultura, arte, literatura, lazer etc.

A questão é a fragilidade do usuário: educação, maturidade, senso crítico. Assim, os órgãos de comunicação social devem atuar com credibilidade e preocuparem-se mais com a marca – sua imagem: jornais, revistas, blogs e outras mídias.

Pesquisa recente indicou que 42% dos leitores, mesmo sabendo que a notícia é falsa, a retransmitem em suas redes sociais.

No tempo de Gregório de Matos, o poeta baiano chamado Boca Maldita, no século 17, o brasileiro ainda não existia, pois quem nascia no Brasil era português.

Um dos seus poemas diz: “Que os brasileiros são bestas, e estarão a trabalhar toda a vida por manter maganos de Portugal”.

Mudou?  Passamos para o Jeca Tatu, Macunaíma, Zé Carioca e outras caricaturas do brasileiro.

Quem seria o personagem de hoje para conviver com os impostos, o consumo, a violência, a corrupção, a participação social, o trânsito, a globalização, as expressões em inglês, enfim, a vida na moderna cidade?

Provavelmente, uma mistura disso tudo, mas um ser meio perplexo, precisando se preparar “na marra” para as novidades da tecnologia, as regras, os espantos do dia a dia.

A pedido da revista Você S/A, a consultoria carioca E-talent separou as informações de 1,3 milhão de profissionais qualificados (53% mulheres e 47% homens), que ocupam funções de analista, gerente, diretor e presidente de empresas no Brasil.

A maior surpresa revelada  é que o trabalhador nacional tem dificuldade de manter relacionamentos, ao contrário do que sugere o estereótipo do sujeito festeiro e cultivador de amizades.

Os resultados também confirmam antigas fraquezas do DNA profissional do brasileiro, que é, segundo o levantamento, desorganizado, centralizador, desconfiado e avesso a conflitos.

“A maioria das pessoas é pouco produtiva e o que faz é de baixa qualidade”, diz Jorge Matos, presidente da E-talent. “Só quem trabalha bem gera bons resultados e, consequentemente, interessa às organizações.”

Outra pesquisa da Câmara Brasileira do Livro mostrou que trinta por cento dos entrevistados declararam nunca terem comprado um livro na vida.

A pesquisa mostra que, em geral, quanto maior a escolaridade e a classe social, maior a proporção de compradores de livros.

No entanto, chama a atenção que cerca de metade dos estudantes e metade dos leitores não são compradores de livros.

Pouco mais de 50% dos entrevistados indicaram o empréstimo – com parentes, conhecidos ou em bibliotecas – como principal meio de acesso ao livro, perdendo, inclusive,para a compra em lojas físicas ou e-commerce (43%).

Vinte e três por cento declararam que a principal forma de acesso é quando são presenteados.

Não é de espantar que os “fakes news” tenham grande aceitação…

Afinal, é uma leitura visual, acrítica e descompromissada.

Precisamos, com urgência, “tirar o boi da linha”. Como? Com educação geral e cívica; pois, como já disse alguém, o pior analfabeto é o analfabeto político.

Fake news? Depende de você, leitor/a.

AUREMÁCIO CARVALHO é advogado em Cuiabá.


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